Análise do artigo “O impacto mental do uso de Ozempic e Mounjaro em pacientes obesos”1

O que se sabe
Aqui, os autores foram capazes de delinear um bom conceito de obesidade e tornear o conhecimento básico necessário ao estudo.
A obesidade é um distúrbio complexo e multifatorial, caracterizado não apenas pelo acúmulo excessivo de gordura, mas também por sua associação com uma ampla gama de complicações. Essas complicações são extensas e diversas, abrangendo distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2, dislipidemia, doenças cardiovasculares e um risco geral aumentado de mortalidade. Além disso, a obesidade contribui para distúrbios articulares e musculoesqueléticos, desafios de saúde mental e um risco elevado para vários tipos de câncer (Kornelius et al., 2024).
Num segundo momento, houve sucesso na conexão do conhecimento conceitual geral com a fisiopatologia e no mecanismo de ação da medicação investigada.
Seu tratamento ainda representa um desafio contínuo para os profissionais de saúde. Recentemente, novos medicamentos pertencentes à classe dos agonistas do receptor GLP-1 (GLP-1 RAs) foram disponibilizados para o tratamento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes tipo 2. Dada a sua comprovada eficácia clínica na promoção da perda de peso, que, em alguns casos, é comparável à cirurgia bariátrica, os GLP-1 RAs despertaram grande interesse (Arillotta et al., 2023). A semaglutida, um agonista do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1 RA), é aprovada globalmente para controle de peso na dosagem semanal de 2,4 mg. Após 68 semanas de uso, a semaglutida nessa dosagem produz uma redução média de aproximadamente 10% a 15% do peso corporal basal, estando associada a melhorias clinicamente significativas em vários indicadores de saúde, incluindo eventos cardiovasculares em pessoas com sobrepeso ou obesidade e histórico de um evento cardiovascular (mas não diabetes tipo 2) (Wadden et al., 2024).
Talvez estes parágrafos podessem ser condensados em um.
O que não sabemos
Neste trecho, os autores giram em torno da possível problemática do impacto mental das medicações. Não fica claro exatamente qual lacuna no conhecimento atual sobre esse tópico os autores estão apontando.
Embora os GLP-1 RAs tenham eficácia comprovada no controle glicêmico e no gerenciamento do peso, há preocupações crescentes sobre seu impacto na saúde mental, com diversos relatos documentando o desenvolvimento de ideação suicida em alguns usuários (MHRA, 2023a; MHRA, 2023b). Surpreendentemente, um ensaio clínico de fase III com liraglutida (Saxenda®) indicou evidências de pensamentos suicidas, bem como comprometimento renal, doença da vesícula biliar e pancreatite. Embora o fabricante tenha negado qualquer relação causal entre os medicamentos (Wegovy® e Saxenda®) e pensamentos suicidas, as informações de prescrição recomendam o monitoramento dos pacientes e a interrupção do tratamento caso esses sintomas sejam relatados. Além disso, alega-se que, nos ensaios clínicos da semaglutida e liraglutida (Wegovy® e Saxenda®, respectivamente), foram excluídos participantes com histórico prévio de tentativas de suicídio, comportamento suicida nos 30 dias anteriores à triagem, histórico de depressão nos dois anos anteriores à triagem e diagnóstico de transtornos psiquiátricos graves, como esquizofrenia ou transtorno bipolar (Guirguis et al., 2024).
Depois, foram mais precisos ao apontar que “estudos abrangentes” seriam necessários para conhecer desfechos em saúde mental. Apesar do objetivo mais estreito, não há exatidão em que tipo de estudo seria este ou, no mínimo, que respostas deveria tentar responder.
Apesar da recepção positiva dos GLP-1 RAs como agentes de perda de peso, também existem críticas e preocupações. Relatórios recentes destacam o risco de que o uso de liraglutida e semaglutida possa desencadear depressão, pensamentos suicidas e automutilação (Arillotta et al., 2023). Apesar de a cirurgia bariátrica continue sendo o método mais eficaz para perda de peso significativa e sustentada, sua aplicação é frequentemente limitada por fatores como disponibilidade de cirurgiões qualificados, custos elevados e possíveis complicações pós-operatórias. Essas limitações impulsionam a busca por opções terapêuticas alternativas. Intervenções farmacológicas, como os agonistas do receptor GLP-1, incluindo liraglutida e semaglutida, emergiram como opções significativas de tratamento. Esses agentes, aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o controle da obesidade, demonstraram eficácia não apenas na redução do peso, mas também na melhoria dos parâmetros metabólicos e cardiovasculares (Kornelius et al., 2024). Entretanto, é essencial considerar fatores como doenças preexistentes, mudanças no estilo de vida e aspectos psicossociais ao avaliar os impactos dos GLP-1 RAs na saúde mental. Dessa forma, estudos abrangentes, incluindo acompanhamento de longo prazo e avaliação rigorosa dos desfechos em saúde mental, são necessários para elucidar os riscos e benefícios potenciais dessas terapias (Guirguis et al., 2024).
Por que fizemos este estudo?
Ainda no parágrafo anterior, fica implícito que o estudo foi realizado afim de levantar se os estudos atuais eram capazes de fornecer material suficiente para discernir impactos nos desfechos mentais. Porém, está distante do correto, em que é necessário que se aponte exatamente que objetivo tinham os autores ao questionarem esta temática.
Uma correta introdução
Manipulando a estrutura do estudo, guardados os devidos direitos autorais, uma introdução mais concisa e obedecendo a regra dos “porquês”, seria a seguinte para os dois primeiros parágrafos:
A obesidade é um distúrbio complexo e multifatorial, caracterizado não apenas pelo acúmulo excessivo de gordura, mas também por sua associação com uma ampla gama de complicações. Além disso, a obesidade contribui para distúrbios articulares e musculoesqueléticos, desafios de saúde mental e um risco elevado para vários tipos de câncer (Kornelius et al., 2024). Recentemente, novos medicamentos pertencentes à classe dos agonistas do receptor GLP-1 (GLP-1 RAs) foram disponibilizados para o tratamento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes tipo 2. Dada a sua comprovada eficácia clínica na promoção da perda de peso, que, em alguns casos, é comparável à cirurgia bariátrica, os GLP-1 RAs despertaram grande interesse (Arillotta et al., 2023). A semaglutida, um agonista do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1 RA), é aprovada globalmente para controle de peso na dosagem semanal de 2,4 mg. Após 68 semanas de uso, a semaglutida nessa dosagem produz uma redução média de aproximadamente 10% a 15% do peso corporal basal, estando associada a melhorias clinicamente significativas em vários indicadores de saúde, incluindo eventos cardiovasculares em pessoas com sobrepeso ou obesidade e histórico de um evento cardiovascular (mas não diabetes tipo 2) (Wadden et al., 2024). Embora os GLP-1 RAs tenham eficácia comprovada no controle glicêmico e no gerenciamento do peso, há preocupações crescentes sobre seu impacto na saúde mental, com diversos relatos documentando o desenvolvimento de ideação suicida em alguns usuários (MHRA, 2023a; MHRA, 2023b). Surpreendentemente, um ensaio clínico de fase III com liraglutida (Saxenda®) indicou evidências de pensamentos suicidas, bem como comprometimento renal, doença da vesícula biliar e pancreatite. Embora o fabricante tenha negado qualquer relação causal entre os medicamentos (Wegovy® e Saxenda®) e pensamentos suicidas, as informações de prescrição recomendam o monitoramento dos pacientes e a interrupção do tratamento caso esses sintomas sejam relatados. Intervenções farmacológicas, como os agonistas do receptor GLP-1, incluindo liraglutida e semaglutida, emergiram como opções significativas de tratamento. Esses agentes, aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o controle da obesidade, demonstraram eficácia não apenas na redução do peso, mas também na melhoria dos parâmetros metabólicos e cardiovasculares (Kornelius et al., 2024). Entretanto, é essencial considerar fatores como doenças preexistentes, mudanças no estilo de vida e aspectos psicossociais ao avaliar os impactos dos GLP-1 RAs na saúde mental. Dessa forma, estudos abrangentes, incluindo acompanhamento de longo prazo e avaliação rigorosa dos desfechos em saúde mental, são necessários para elucidar os riscos e benefícios potenciais dessas terapias (Guirguis et al., 2024).
Por fim, um terceiro parágrafo em nome dos autores seria necessário, explicando as razões que motivaram o estudo.
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DE ARAÚJO, Gabriela Cardoso et al. O impacto mental do uso de Ozempic e Mounjaro em pacientes obesos. Journal of Medical and Biosciences Research, v. 2, n. 2, p. 509-516, 2025. ↩︎
Dra. Vera Meister é médica pediatra intensivista há mais de 20
anos.
Atua na medicina integrativa desde que se especializou em nutrologia médica e tem treinamento e
formação para realizar a maioria dos procedimentos estéticos existentes no mercado.
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